Meu interesse pela antropologia se deu desde o primeiro período do Bacharelado em Ciências Sociais pela UFRJ. Vendo em retrospecto, acredito que minha fascinação imediata pelo pensamento antropológico se deu por sua potencialidade intrínseca de desestabilizar as bases mais profundas de nossas concepções usuais sobre a realidade.
Atualmente no Mestrado, no PPGSA - UFRJ, procuro me debruçar sobre as controvérsias e disputas envolvidas na construção, transformação e aplicação dos diagnósticos psiquiátricos e, mais especificamente, sobre o fenômeno do “surto”, que é enquadrado pelos psiquiatras sob o diagnóstico de Transtorno Psicótico Breve. Para tanto, um de meus objetos de pesquisa privilegiados trata-se dos Manuais Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os DSMs. Produzidos desde 1952 por psiquiatras americanos, os DSMs, principalmente a partir de sua terceira edição (1980), são o quadro nosológico de referência para profissionais da área em todo o mundo. Nesse sentido, minha pesquisa se localiza e explora o espaço ambíguo dos tensionamentos e rupturas que envolvem o próprio fundamento dos diagnósticos psiquiátricos: A sintomatologia dos DSMs tem fundamento universal ou trata-se de um produto eminentemente estado-unidense? Normalidade e Patologia são categorias absolutas ou podem variar culturalmente? Estas são algumas das questões que instigam meu pensamento e irão atravessar minha pesquisa do início ao fim. |